quinta-feira, 9 de outubro de 2008


Tinha medo de gente se escondia detrás das mãos Da tempestade debaixo da mesa grande de madeira pesada Tinha medo do pai e da mãe Não conhecia livro nem televisão nem carro Tinha medo Avião via passar no alto e sonhava que ele caía no grande terreiro limpo varrido com vassourinha Estórias que ouvia era de assombração Mortos que apareciam para assustar Um dia o pesadelo que tanto falavam veio à noite e se deitou Era tão pesado e horroroso que não conseguia mexer nem gritar Nunca mais dormiu sozinha nem de barriga para cima Não sabe onde foi enterrado seu umbigo Dos machos sua mãe enterrou no curral pra dar sorte de serem fazendeiros com gados E as mulheres o que seriam? O dia que ficou menstruada foi à fonte Tinha feito uma rudia e colocado o balde com água na cabeça Andava na estradinha estreita Santa doida apareceu e fez medo:Agora corre sem derramar água Se não apanha Assustada correu
A água derramava aos poucos e ela aterrorizava: Ta com medo? Me dá a rudia! Foi batendo o pano da rudia em suas pernas se divertindo com sua fraqueza Quando chegou na casa de dinha Duniza não tinha mais água no balde Estava molhada e sangrando Teve febre alta Ficou de cama encolhida sentindo o sangue jorrar Virou moça - Deixa de ser medrosa Ela tem a cabeça perturbada não ia te fazer nada - Deixa disso Santa Pára de assustar a menina! - Ela tem cabelo bonito Eu vou cortar o cabelo dela - Êta Santa besta Deixa a menina – Me dá uma coisa de comer Deu uma fome...

Helena Soares

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